Por: Renata Marques

Data: 12/09/2024

Estatísticas crescentes reforçam a necessidade de uma abordagem integrada para desestigmatizar e apoiar a saúde mental. 

No último dia 10 de setembro celebrou-se o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, uma séria preocupação de saúde pública que leva à perda de cerca de 700 mil vidas por ano, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).  

A campanha do setembro Amarelo, voltada à prevenção do suicídio e à promoção da saúde mental, ganha força anualmente, mas seu real impacto vai muito além das iniciativas de conscientização. O tema, muitas vezes tratado de forma superficial, envolve questões profundas relacionadas à sociedade, à economia, à educação e à falta de políticas públicas eficazes. Além disso, o estigma e o preconceito associados às doenças mentais ainda são grandes barreiras para aqueles que mais precisam de ajuda. 

Doenças mentais: uma crise silenciosa 

As estatísticas são alarmantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, o que representa uma morte a cada 40 segundos. Entre as principais causas do suicídio estão transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar, ansiedade generalizada e o uso abusivo de substâncias. No Brasil, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. 

A depressão, uma das doenças mentais mais comuns, afeta cerca de 5,8% da população brasileira, segundo dados da OMS. O transtorno de ansiedade, por sua vez, atinge 9,3% dos brasileiros, colocando o Brasil entre os países com maiores índices de ansiedade no mundo. Essas condições não apenas comprometem o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, mas também podem, sem o tratamento adequado, levar ao suicídio. 

Fatores sociais e o impacto no aumento dos casos  

Um debate sincero sobre saúde mental, não deve acontecer de forma isolada, sem considerar os fenômenos sociais que impactam diretamente o bem-estar emocional. Problemas familiares, endividamento descontrolado, precarização das condições de trabalho, o aumento da desigualdade social, a falta de acesso a serviços de saúde de qualidade e o desemprego são fatores que amplificam a vulnerabilidade da população. Em 2023, o Brasil registrou uma taxa de desemprego de 8,5%, e o impacto da instabilidade econômica tem reflexos diretos sobre a saúde mental de milhões de brasileiros. 

Outro fenômeno contemporâneo é o impacto das mídias sociais. Estudos mostram que o uso excessivo das redes pode aumentar sentimentos de inadequação, isolamento e insatisfação com a própria vida. As comparações constantes com padrões idealizados de sucesso e felicidade, indiscutivelmente distantes da vida real, afetam a autoestima e intensificam transtornos como ansiedade e depressão, especialmente entre os jovens. 

O preconceito: a maior barreira para o cuidado 

Mesmo com o avanço das discussões sobre saúde mental, o preconceito e a falta de informação ainda são grandes obstáculos. Segundo pesquisas da OMS, cerca de 75% das pessoas com transtornos mentais não recebem tratamento adequado no Brasil. Esse dado reflete, em parte, o estigma que persiste em torno do tema. Muitas pessoas ainda têm receio de buscar ajuda por medo de serem vistas como “fracas” ou “incapazes”. Essa barreira cultural impede o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz, ampliando o sofrimento e as consequências mais graves das doenças mentais. 

A falta de informação também contribui para a perpetuação do preconceito. Embora campanhas como o setembro Amarelo sejam essenciais para aumentar a conscientização, é fundamental que a educação sobre saúde mental comece cedo, nas escolas e outras instituições e na família, para que a sociedade como um todo compreenda que transtornos mentais são doenças reais, que precisam ser tratadas com a mesma seriedade de qualquer outra condição médica. 

O que podemos fazer coletivamente? 

Um chamado à ação 

O setembro Amarelo é apenas o começo, e não deve ser tratado como uma ação isolada. Empresas, escolas, organizações e o poder público precisam adotar uma abordagem contínua para promover a saúde mental durante todo o ano, com implementação de programas de apoio psicológico, desestigmatização da busca por ajuda profissional, por meio de campanhas educativas permanentes, incentivo à formação de profissionais da área, acesso facilitado a tratamentos e terapias eficazes, especialmente para populações vulneráveis e a criação de espaços de diálogo aberto e seguro para que as pessoas possam compartilhar suas experiências e buscar apoio. 

O Cibrius, como instituição preocupada com o bem-estar dos seus participantes, acredita que a saúde mental deve ser um dos pilares da qualidade de vida. O cuidado com o futuro financeiro é importante, mas o equilíbrio emocional e a promoção da saúde mental são fundamentais para viver plenamente. Neste setembro Amarelo, convidamos você a refletir sobre a sua saúde mental e a das pessoas ao seu redor, e a contribuir para uma sociedade que trate o tema com a seriedade que ele merece. 

Falar é o primeiro passo, peça ajuda. 

Centro de Valorização à vida (CVV): 

☎️188 

📩apoioemocional@cvv.org.br 

Chat: atendimento virtual: https://cvv.org.br/chat/  

Fonte: Agência Brasil, Ministério da Saúde