Nas Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), a gestão de investimentos focada no fluxo atuarial desempenha um papel crucial na definição das estratégias de alocação de recursos. A tarefa mais difícil para os administradores, além da gestão de seus planos de Benefícios, é atingir a meta atuarial. No caso do Instituto Cibrius, a meta que vigora atualmente é composta pela inflação medida pelo INPC e divulgada pelo IBGE, acrescida de uma taxa fixa de juros de 4% ao ano.
As técnicas de Asset and Liability Management (ALM) – casamento do Ativo e Passivo – destinam-se a otimizar a alocação dos ativos nos Fundos de Pensão, considerando as características do passivo formado pelas contribuições do participante e das empresas patrocinadoras ao plano de benefício e pelos benefícios esperados pelos participantes na condição de aposentados. O estudo permite analisar a rentabilidade de ativos e passivos por meio de modelos matemáticos elaborados, que determinam o padrão de oscilações do mercado financeiro e o retorno esperado do portfólio com foco no longo prazo.
Como mencionado no Papo com especialista: POLÍTICA DE GESTÃO DO RISCO ATUARIAL, em essência, a política de gestão do risco atuarial vai além de uma ferramenta para a mitigação de riscos, e constitui-se como um pilar para o planejamento estratégico e para as práticas financeiras sustentáveis. Ou seja, o estudo ALM é um importante aliado para a decisão da estratégia de investimentos dos ativos da EFPC de forma que os passivos sejam cobertos com alta previsibilidade e evitando uma iliquidez temporal.
A modelagem macroeconômica assume papel fundamental em um estudo de ALM. É a partir dela que serão definidas as perspectivas de rentabilidade das diversas classes de ativos no longo prazo. Também são considerados cenários otimistas e pessimistas, de modo que eventuais choques estejam contemplados em cenários alternativos de stress e façam parte das bandas, permitindo desenvolver planos de contingência da EFPC para seus investimentos.
A partir do cenário traçado são projetados os riscos e retornos dos ativos de cada classe de investimento, levando em consideração o portfólio atual e os possíveis novos investimentos para a carteira, permitindo inferir a alocação de recursos mais indicada para fazer face aos compromissos atuariais. A partir desses resultados conseguimos: analisar aderência da estimativa de rentabilidade com a meta atuarial; projetar e analisar a situação financeira do plano através da projeção do ativo e do passivo; definir objetivos de longo prazo e níveis de risco desejados e avaliar alterações na carteira de ativos para adequar a expectativa de retorno aos objetivos do plano e risco desejado.
A partir deste estudo é que são elaboradas as Políticas de Investimentos, que se configuram como o documento normativo interno mais importante para delinear as alocações dos próximos anos. Na política é definida: a estrutura de governança dos investimentos; diretrizes gerais para procedimento de investimentos; limites de alocação de recursos por estratégia; procedimentos e critérios mínimos para avaliação dos riscos de investimentos; ações de mitigação de possíveis conflitos de interesses; apreçamento dos ativos financeiros; relacionamento com prestadores de serviços e gestão de fundos de investimentos; controles internos etc.
Uma das principais considerações nos estudos é a diversificação da carteira. Isso envolve distribuir os recursos em diferentes classes de ativos previstas na RESOLUÇÃO CMN Nº 4.994, de 24 de março de 2022, como renda fixa, renda variável, investimento estruturado, operações com participantes (Empréstimos), ativos imobiliários e investimento no exterior. Essa diversificação busca reduzir a exposição a riscos específicos de cada classe de ativo, proporcionando um equilíbrio entre risco e retorno dos portfólios de cada plano de benefícios.
Além disso, com o advento das práticas ESG, que envolvem a análise de aspectos relacionados à governança e responsabilidade socioambiental, as políticas de investimentos passaram a considerar esses fatores na elaboração de critérios de avaliação dos gestores, embora ainda não haja uma regulamentação especifica que obrigue empresas e fornecedores a se adequarem a este tema.
A Gestão de investimentos de uma previdência complementar focada em modelo matemático de gestão conjunta de ativos e passivos (ALM) de um plano de benefício, busca otimizar o retorno no longo prazo, mantendo um nível adequado de segurança e sustentabilidade, e minimizar os riscos por ele incorridos. A gestão eficaz dos investimentos em conjunto com a diversificação do portfólio e a análise criteriosa de aspectos de governança, contribuem para o alcance do objetivo principal das Entidades de Previdência Complementar que se traduz em garantir o retorno financeiro sustentável aos participantes.