A expectativa de vida é sempre um assunto fascinante e cada vez mais relevante de ser estudado.

O envelhecimento da população brasileira não é novidade para ninguém. Não só no Brasil, mas no mundo inteiro, a estrutura etária das sociedades tem se modificado.

Ao ser questionado se é possível viver 100 anos de forma saudável, o chat GPT (inteligência artificial) nos dá a dica:

“Sim, é possível viver 100 anos de forma saudável, e os avanços na medicina desempenham um papel fundamental nessa possibilidade.”

Mas, neste caso, nem precisaríamos de inteligência artificial. Basta observarmos ao nosso redor. Eu arriscaria dizer, com grande possibilidade de acerto, que você deve conhecer mais de uma pessoa que atualmente tem 90 anos de idade ou mais.

Em 1945, por exemplo, a expectativa de vida do brasileiro era de 45,5 anos. O número de centenários no mundo, que em 1950 era de 24.000, hoje é de 269.000 e a projeção para 2050 é de 3,8 milhões pessoas.

Esses dados oferecem uma visão geral das tendências demográficas relacionadas à longevidade e destacam a importância de entendermos esses fenômenos para enfrentarmos os desafios e aproveitarmos as oportunidades associadas ao aumento da expectativa de vida.

Outra tendência importante de ser analisada é a taxa de Fecundidade Total (TFT). Esta taxa representa o número médio de filhos que uma mulher teria ao longo de sua vida reprodutiva. No Brasil, a TFT diminuiu significativamente ao longo das décadas, passando de cerca de 6 filhos por mulher na década de 1960 para cerca de 1,7 a 1,8 filhos por mulher nas últimas décadas.

Todos estes aspectos são decorrentes de mudanças socioculturais que, de uma forma geral, têm suas causas e consequências relacionadas a melhoria da qualidade de vida.

Por outro lado, não precisamos pensar muito para chegarmos à conclusão de que, com o envelhecimento da população e a diminuição da natalidade, surgem desafios significativos em várias áreas, tais como sustentabilidade dos sistemas de previdência, cuidados de saúde para idosos, planejamento urbano e políticas de emprego.

São estes desafios que serão enfrentados pelas novas gerações. E é neste ponto que voltamos a falar de algo que pode até parecer um clichê: “Precisamos, mais do que nunca, pensar no futuro das nossas crianças”, tarefa nada fácil, pois pensar e planejar o futuro parece ser algo cada vez mais complexo!

Em seu livro “O Valor do Amanhã”, o escritor Eduardo Giannetti aborda questões filosóficas econômicas e éticas relacionadas ao tempo e ao valor do futuro. O autor explora como as sociedades contemporâneas tendem a valorizar excessivamente o presente em detrimento do futuro e argumenta que essa mentalidade pode ter consequências negativas para as pessoas e para o meio ambiente a longo prazo.

Ele também critica a ênfase excessiva no imediatismo e no consumismo na sociedade contemporânea, sugerindo que é necessário um novo paradigma que valorize mais o futuro e a sustentabilidade. Ao privilegiar o presente em detrimento do futuro as sociedades tendem a “hipotecar o futuro”, comprometendo os recursos e oportunidades das gerações seguintes, podendo resultar em problemas como endividamento excessivo e degradação ambiental e desigualdades intergeracionais.

Sem dúvidas, temos um compromisso gigante com as novas gerações!

Mas quem são as novas gerações?

A Geração Z, também conhecida como centennials ou pós-millennials, compreende aqueles nascidos aproximadamente entre meados dos anos 1990 e meados dos anos 2000. Essa geração possui características comportamentais distintas relacionadas a finanças e consumo, influenciadas por fatores como tecnologia, contexto econômico e social. Algumas destas características podem auxiliar ou atrapalhar uma educação mais voltada a planejamento do futuro e, portanto, conhecê-las pode tornar nossos desafios mais fáceis de serem vencidos.

Mas que características são essas?

Preferência por experiências e personalização: A Geração Z valoriza experiências em detrimento de bens materiais. Eles estão dispostos a gastar dinheiro em experiências únicas, como viagens, eventos e entretenimento, e preferem produtos e serviços personalizados que atendam às suas necessidades e preferências individuais.

Sensibilidade ao preço e ao valor: Apesar de valorizarem experiências e personalização, os membros da Geração Z são geralmente sensíveis ao preço e procuram obter valor pelo dinheiro gasto. Eles tendem a pesquisar e comparar preços antes de fazer uma compra e são atraídos por ofertas e descontos.

Preocupações com a Sustentabilidade e a Responsabilidade Social: A Geração Z está mais consciente das questões ambientais e sociais e tende a apoiar empresas e marcas que adotam práticas sustentáveis e têm um impacto positivo na sociedade. Eles estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços de empresas que compartilham seus valores.

Preocupações com a Segurança financeira e empreendedorismo: Os membros da Geração Z estão preocupados com sua segurança financeira e procuram maneiras de ganhar dinheiro, economizar e investir desde cedo. Eles valorizam a independência financeira e são mais propensos a explorar oportunidades de empreendedorismo e trabalho autônomo.

Desconfiança em relação a Instituições financeiras tradicionais: Assim como os millennials, alguns membros da Geração Z têm uma desconfiança em relação às instituições financeiras tradicionais, preferindo soluções financeiras alternativas, como fintechs e criptomoedas, que oferecem maior transparência, conveniência e controle sobre suas finanças.

Em resumo, o planejamento para o futuro da geração Z envolve uma combinação de educação, desenvolvimento de habilidades, conscientização financeira, adaptação às mudanças tecnológicas e priorização do bem-estar pessoal e global. Ao adotar uma abordagem proativa e holística para o planejamento de suas vidas, os membros da geração Z podem se preparar melhor para os desafios e oportunidades que o futuro reserva.

Informações interessantes não? Mas você deve estar se perguntando: Como transformar todas essas informações em ações práticas com as crianças e adolescentes que moram lá em casa?

Agora vou listar algumas dicas que podem auxiliar para o futuro dos seus filhos:

Desde muito cedo aprendi que economizar era importante para o futuro. Meu pai, contribuiu a vida inteira para um plano de previdência privado e quando chegou a hora de parar de trabalhar conseguiu manter a sua qualidade de vida, o que também foi muito bom para mim e para meus irmãos. Eu ingressei numa empresa que também oferecia plano de previdência e, atualmente com 58 anos de idade, já recebo meu benefício previdenciário, muito embora ainda não tenha parado de trabalhar por opção. E isso foi muito bom para mim e para meus filhos. Meu marido é atuário e toda a sua vida profissional teve como missão medir riscos e planejar o futuro, o que foi muito bom para ele e para os nossos filhos.

Mas… cadê a dica?

Dica 1 – Demonstre através do Exemplo: o discurso motiva, mas o exemplo arrasta!! Os adolescentes muitas vezes aprendem melhor através do exemplo. Mostre ao adolescente como você, como responsável por suas finanças, também pratica a economia regularmente. Compartilhe suas experiências financeiras pessoais, incluindo sucessos e desafios, para que o adolescente entenda que economizar é uma prática universalmente valorizada.

Dica 2 – Planos de previdência são exemplos muito fáceis de exemplificar se mostrarmos com a mágica dos juros compostos funciona.

Como o exemplo arrasta (lembra da dica 1?), eu e meu marido demos de presente aos nossos filhos um plano de previdência para cada um, plano bem parecido com o FamíliaPrev do Cibrius. Lembro muito bem quando meu filho mais velho, hoje com 28 anos, tinha 10 anos de idade e quis entender melhor o que era o tal do Plano de Previdência. Pacientemente abri o extrato do plano dele e fui mostrando como os recursos financeiros cresciam de um ano para o outro. Ele vendo o saldo que havia acumulado falou entusiasmado: eu posso pegar este dinheiro para comprar um “discman”? Falei para ele que sim! Mas que antes gostaria de mostrar algo! Entrei no simulador do plano e fiz uma projeção de quanto ele acumularia de recurso financeiro, caso não fizesse nenhum saque até os 55 anos. Sua reação foi além do que eu esperava:

– “Mãe, quer dizer que eu vou ser um milionário?”

Até hoje ele continua investindo naquele Plano que ele apelidou de “imexível”! Acho que ele entendeu né!! Existem recursos pro presente, mas precisamos ir construindo aquela reserva para o futuro, de forma conjunta…

Mas nem só de planejamento de longo prazo se vive, principalmente falando de adolescentes. Se você tem um em casa sabe do que eu estou falando e, se não tem, deve lembrar da sua própria adolescência. A vida é aqui e agora!!

Somos nós, os adultos, que precisamos ensinar que o futuro existe!!

Ao dar os primeiros passos rumo à independência financeira, é fundamental cultivar desde cedo o hábito da economia. Para uma criança ou adolescente, a mesada, muitas vezes, representa sua primeira experiência com dinheiro próprio e, consequentemente, uma oportunidade valiosa de aprender a gerenciar suas finanças de maneira responsável.

E foi isto que propomos a nossa filha de 15 anos de idade. Além de receber uma mesada para suas despesas pessoais, ela recebeu o desafio de economizar e investir 10% de sua mesada mensalmente (primeiro investe os 10% e depois usa no mês o dinheiro que sobrou). Mas não parou por aí. O irmão mais velho deu de presente de aniversário uma conta em um banco digital e explicou a ela como poderia fazer para investir o seu dinheiro.

A prova de que a coisa toda estava funcionando foi quando pedi emprestado a ela R$ 34,00 reais. Na hora de devolver o dinheiro, devolvi somente R$ 30,00. A reação foi imediata:

– Mãe, mas eu te emprestei R$ 34,00.

-Filha, são só R$ 4,00….

– É mãe, mas 4 reais é o rendimento inteiro dos meus investimentos!!

Acho que ela entendeu o valor do dinheiro né!?

Sendo assim, encerro esta história com minhas dicas finais:

Dica 3 – Estabeleça objetivos: Iniciar o processo de economizar sem um objetivo claro pode tornar a tarefa desmotivadora e sem propósito. Ajude o adolescente a definir um objetivo para suas economias, seja para comprar algo que deseja, para uma emergência ou para um investimento futuro. Ter um propósito específico torna mais fácil manter o compromisso de poupar regularmente.

Dica 4 -Eduque sobre a importância da economia: Explique ao adolescente o valor do dinheiro e como economizar uma parte dele pode trazer benefícios a longo prazo. Discuta a diferença entre necessidades e desejos, e como priorizar suas despesas de acordo com suas metas financeiras. Mostre exemplos concretos de como a economia pode ajudar a alcançar objetivos maiores no futuro.

Dica 5 -Estabeleça um orçamento: Ajude o adolescente a criar um orçamento simples, listando suas receitas (mesada e presentes de aniversário, por exemplo) e suas despesas. Destaque a importância de reservar 10% da mesada para economias desde o início, antes de considerar qualquer outra despesa. Isso ajuda a cultivar o hábito de economizar como uma prioridade, dando liberdade para que os gastos do mês ocorram sem um sentimento de culpa.

Dica 6 – Ofereça incentivos: Para manter o adolescente motivado a economizar regularmente, considere oferecer incentivos adicionais. Isso pode incluir combinar suas economias em determinados marcos, proporcionar um pequeno aumento na mesada como recompensa por economizar consistentemente ou, até mesmo, oferecer uma contribuição extra para alcançar um objetivo financeiro específico.

Dica 7 – Acompanhamento e ajustes: Mantenha um diálogo aberto com o adolescente sobre suas economias. Faça revisões regulares do progresso, celebrando suas conquistas e fazendo ajustes conforme necessário. Se o adolescente estiver tendo dificuldades em economizar 10%, ofereça suporte e orientação adicional para ajudá-lo a identificar áreas onde ele pode reduzir gastos ou aumentar sua renda.

Ao ensinar um adolescente ou criança a economizar, estamos capacitando-o não apenas com habilidades financeiras práticas, mas também com uma mentalidade de longo prazo voltada para o sucesso financeiro. Este investimento no desenvolvimento de hábitos financeiros saudáveis irá beneficiá-lo ao longo de sua

vida adulta, preparando-o para enfrentar os desafios financeiros pelos próximos 100 anos, com confiança e autonomia.