Setembro Amarelo é uma campanha mundial voltada para a promoção de ações em prol da saúde mental e de valorização da vida. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), visibiliza está campanha aqui no Brasil. O dia 10 é oficialmente marcado como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Um levantamento feito pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, realizado em julho de 2021, revelou um aumento de 0,4% no número de suicídios no Brasil em 2020, em relação à 2019, com registro de 12.895 casos.
Das populações mais afetadas, os jovens são a maioria. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão ligados à transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
O suicídio pode estar relacionado com muitos fatores, desde àqueles de ordem sociológica, econômica, política, cultural, até questões psicológicos, transtornos mentais, genéticos, além de questões como desigualdades sociais, crise financeira, educação, eventos adversos.
Já dentro das organizações, um fator que é elemento chave e pode ser inimigo ou aliado da saúde mental é a comunicação. É dever de todos nós, como cidadãos, mas principalmente das organizações, divulgar práticas de comunicação que somam, acolhem e transformam vidas.
Neste Setembro Amarelo trazemos aspectos da Comunicação Não-Violenta para agregar valor em suas relações.
Comunicar para somar
O psicólogo americano Marshall Rosenberg foi o idealizador da CNV, no início dos anos 60. Ele foi fundador do The Center for Nonviolent Communication e em sua obra Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais – ele nos ensina boas práticas que ressaltam o sentimento de parceria e cooperação, em que predomina comunicação eficaz e com empatia.
1. Observação: Detecte seus sentimentos
Em uma discussão, costumamos fazer observações sobre as ações ou falas da pessoa que está nos incomodando ou gerando conflito. Os comentários não querem uma resolução do conflito, na maioria das vezes é baseado na competição.
É importante que essas observações sejam baseadas em fatos, e não em nossas interpretações acerca do que a pessoa quis dizer com suas atitudes, mas sim, o que de fato ela fez ou falou.
2. Sentimentos: Identifique o que está sentindo
Depois de observar o que causou o conflito, podemos nos voltar para nós mesmos, percebendo e identificando os sentimentos que estão sendo aflorados. Pergunte-se: qual sentimento eu tenho a partir da atitude dessa pessoa? Raiva, frustração, inveja, medo.
Nesse momento é bem importante utilizarmos palavras que sejam, de fato, sentimentos e não julgamentos. Por exemplo, quando digo que estou me sentindo “ignorada” isso não é de fato um sentimento, pois a palavra descreve a ação de uma terceira pessoa “você está me ignorando”. A ideia aqui é que você se pergunte: “se estou com a sensação de que estou sendo ignorada, o que eu de fato sinto?”.
Esse exercício é importante não porque você quer se enganar ou retirar a responsabilidade do outro pelas ações dele, mas sim porque você quer aumentar suas chances de ser escutada quando for falar sobre algo. Se você disser “estou me sentindo triste com o que aconteceu” em vez de “estou me sentindo ignorada por você” suas chances de ser escutada são maiores.
3. Necessidades: Comunique suas necessidades se responsabilizando por elas
Após nomear esses sentimentos, podemos então identificar as necessidades que são apontadas por eles. Se estamos nos sentindo frustrados, qual foi a necessidade que não foi atendida e que gerou essa frustração?
Na prática: Não diga “estou irritada porque vocês não limparam os pés antes de entrar” você pode entender quais necessidades suas não estão sendo atendidas e comunicá-las “estou irritada porque eu estou cansada e gostaria de chegar em casa e encontrá-la limpa. Ou “Cooperação é algo importante para convivermos bem e gostaria de conversar sobre os acordos que vão nos ajudar a conviver melhor aqui em casa”
4. Pedido: Explique de forma clara suas necessidades
Depois de entendermos melhor o que precisamos, podemos fazer ao outro um pedido claro, para nossas necessidades sejam atendidas. Na conversa, todas essas questões podem ser trazidas à tona, para que fique claro o que está se passando entre nós e o outro. Isto é, podemos comunicar a ele as nossas observações, a partir do que ele fez ou falou, depois explicar o que sentimos a partir dessas atitudes, bem como do que precisamos e não está sendo suprido e então, fazermos um pedido claro do que queremos.
Muitas vezes isso pode ser difícil pois não sabemos o que queremos ou até mesmo temos receio de receber um “não” como resposta. A Comunicação Não Violenta é um convite para termos conversas corajosas. É claro que é muito melhor quando as pessoas conseguem identificar o que estamos precisando, mas é injusto esperar isso delas sempre.
Para que um vínculo de confiança se estabeleça precisamos comunicar nossas necessidades e pedidos de maneira que as outras pessoas tenham clareza sobre como poderiam enriquecer nossas vidas.